O governo brasileiro adotará uma postura cautelosa diante das recentes ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aumentar as tarifas sobre a importação de aço e alumínio. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (10) que o Brasil aguardará “decisões concretas” por parte do governo norte-americano antes de tomar qualquer medida em resposta. A declaração ocorre após Trump sinalizar, no domingo, a possibilidade de taxar produtos como aço e alumínio, setores nos quais o Brasil é um dos principais exportadores globais.
Impacto nas Exportações Brasileiras
O Brasil ocupa uma posição estratégica no mercado internacional de aço e alumínio. Em 2024, o país foi o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos, ficando atrás apenas do Canadá, de acordo com dados do Departamento de Comércio americano. Além disso, no ano anterior, os EUA foram responsáveis por adquirir 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro e aço, segundo informações do governo brasileiro. Esses números destacam a importância do comércio bilateral e os possíveis impactos de uma eventual taxação.
Postura Cautelosa do Governo Brasileiro
Haddad enfatizou que o governo brasileiro optou por não se precipitar em suas declarações, aguardando decisões oficiais e concretas por parte dos EUA. “O governo tomou a decisão de só se manifestar oportunamente, com base em medidas efetivamente implementadas, e não em anúncios que podem ser revistos ou mal interpretados”, explicou o ministro. Essa abordagem aponta para uma estratégia diplomática cuidadosa, que visa evitar conflitos desnecessários em um cenário de incertezas.
Reciprocidade em Caso de Taxação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia sinalizado, no final de janeiro, que o Brasil adotaria medidas de reciprocidade caso os Estados Unidos decidissem aumentar as tarifas sobre produtos brasileiros. “Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade no Brasil. Vou taxar os produtos exportados pelos Estados Unidos. É simples”, afirmou Lula na ocasião. A declaração reforça a disposição do governo em proteger os interesses nacionais e garantir um equilíbrio nas relações comerciais.
Lula Responde a Trump “Tomaremos Medidas Necessárias”

Histórico de Tensões Comerciais
Não é a primeira vez que o Brasil enfrenta ameaças de tarifas por parte dos EUA. Durante o primeiro mandato de Trump, o governo norte-americano impôs tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio importado. Na época, o Instituto Aço Brasil alertou que a medida poderia levar ao desligamento de fornos e a demissões em massa no setor siderúrgico. No entanto, após pressões e negociações, Trump revogou as tarifas para o Brasil e outros parceiros comerciais, como Canadá, México, União Europeia e Reino Unido.
Possíveis Retaliações e o Papel das Big Techs
Questionado sobre a possibilidade de o Brasil retaliar com a taxação de grandes empresas de tecnologia (big techs), em sua maioria norte-americanas, Haddad preferiu não adiantar posições. “Vamos aguardar a decisão do presidente Lula após as medidas efetivamente implementadas”, disse o ministro. A declaração sugere que o governo brasileiro está avaliando todas as opções, mas prioriza a prudência antes de tomar medidas definitivas.
Conclusão
Enquanto o Brasil aguarda definições concretas de Trump, o cenário comercial entre os dois países permanece em suspense. A possível taxação de aço e alumínio pode impactar significativamente as exportações brasileiras, mas o governo demonstra disposição para adotar medidas de reciprocidade, caso necessário. A postura cautelosa de Haddad e a firmeza de Lula refletem um equilíbrio entre diplomacia e defesa dos interesses nacionais, em um momento crucial para as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.
A Redação.