O Vaticano acaba de anunciar um novo capítulo na história da Igreja Católica Apostólica Romana. Nesta quinta-feira, 08 de maio de 2025, o suspense chegou ao fim com a confirmação do nome que guiará os destinos de mais de um bilhão de católicos ao redor do mundo: o cardeal Robert Francis Prevost, um experiente eclesiástico de 69 anos com raízes em Chicago e um coração que transcende fronteiras.
Um Líder Global em um Momento de Divisão:
Poliglota, com uma rica vivência de duas décadas no Peru, onde se tornou bispo e cidadão, e com experiência na liderança de sua ordem religiosa internacional, o cardeal Prevost chega ao papado ocupando um dos cargos mais influentes na Santa Sé. Sua ascensão ocorre em um momento delicado, onde diferentes correntes ideológicas dentro da Igreja debatem o futuro da instituição, oscilando entre a continuidade da agenda inclusiva de Francisco e um retorno a posturas doutrinárias mais conservadoras.
Prevost: Uma Ponte entre Correntes?
Nesse cenário de polarização, o nome de Prevost surge como uma ponte para o diálogo, um “meio-termo digno”, nas palavras do padre Michele Falcone, seu amigo e sacerdote da Ordem de Santo Agostinho. A comparação com Francisco é inevitável: Prevost compartilha o compromisso com os pobres e migrantes, a busca por estar próximo do povo. Sua declaração ao site do Vaticano no ano passado ecoa essa filosofia: “o bispo não deve ser um pequeno príncipe sentado em seu reino”, mas sim um líder humilde, próximo e solidário.
Trajetória e Experiência Internacional:
Indicado pelo próprio Francisco em 2023 para a crucial função de nomear e administrar bispos globalmente, a trajetória de Prevost é marcada por uma vasta experiência internacional. Ordenado padre aos 27 anos e doutor em direito canônico, ele dedicou anos de sua vida como missionário, pároco, professor e bispo no Peru. Sua fluência em espanhol e italiano, adquirida durante sua liderança dos agostinianos, reforça sua visão de uma Igreja Católica Romana com um centro que “não está nos EUA ou no Atlântico Norte”, como bem observou o professor Raúl E. Zegarra, de Harvard.
Estilo e Expectativas:
Apesar de ser visto como um nome equilibrado, a figura de Prevost também carrega suas particularidades. Analistas como Marco Politi apontam que, se não fosse americano, sua vasta experiência internacional o tornaria um “pontificável” natural. Descrito como reservado e discreto, seu estilo deverá contrastar com a espontaneidade de Francisco, que cativava multidões com sua presença calorosa. “Ele não comete excessos”, pondera o padre Falcone, traçando um perfil mais comedido do novo líder.
No entanto, seus apoiadores depositam esperança na continuidade do processo consultivo iniciado por Francisco, que busca envolver os leigos nas discussões da Igreja. “Eu sei que Bob acredita que todos têm o direito e o dever de se expressar na Igreja”, afirma o padre Mark Francis, ex-colega de classe do cardeal.
Controvérsias e Desafios:
Contudo, nem todas as nuances da trajetória de Prevost são consensuais. Suas visões sobre questões LGBTQIA+, expressas em um discurso de 2012 onde lamentava a influência da mídia e da cultura popular em relação a “crenças e práticas que estão em desacordo com o evangelho”, incluindo o “estilo de vida homossexual” e “famílias alternativas”, já acendem debates. Sua oposição a planos de inclusão de ensinamentos sobre gênero nas escolas peruanas também gerou controvérsia.
Além disso, seu histórico no tratamento de casos de padres acusados de abuso sexual no Peru também levanta questionamentos e acusações de má condução, embora seus apoiadores aleguem uma campanha difamatória. Em Chicago, ativistas também criticam sua atuação em relação à transferência de um padre com histórico de abuso para um mosteiro próximo a uma escola católica.
O Futuro da Igreja sob a Liderança de Prevost:
Em um momento de transição e expectativas, o cardeal Robert Francis Prevost assume o timão da Igreja Católica. Sua vasta experiência internacional, seu perfil de equilíbrio e suas posições em temas sensíveis certamente moldarão os próximos anos do catolicismo global. Resta agora acompanhar os próximos capítulos desta nova era e como o novo Papa navegará pelas complexas questões que desafiam a fé e a sociedade contemporânea.
A Redação.
